"Mas eu não sou do Direito" - Graduação de Direito x Concursos Públicos.
Olá, amigos e amigas concurseiros(as). Hoje vim trazer um pouco da questão da faculdade de Direito x Concursos. É um tópico que pouco vi na internet, e acho interessante e válido de comentar.
Primeiramente, eu curso Direito numa Universidade Federal e já estou terminando (se Deus quiser rs). E também estudo para Concursos tem um tempinho. Convivendo diretamente com as duas faces da moeda, quero trazer alguns pontos aos meus colegas concurseiros que, em sua maioria, não são do Direito. E nem pensam nos concursos da área jurídica propriamente dita (Magistratura, MP, DP etc) porque aí o buraco já é mais embaixo rs.
Vou resumir bastante. Vamos lá.
1) Ser do Direito não é uma vantagem imediata
Pois é. Logo de cara. Isso porque a faculdade não é voltada para te preparar para concursos e afins, mas sim para ensinar ao aluno toda a questão da hermenêutica, enxergar teses (de defesa ou acusação, por ex.) etc. Curioso porque são os operadores do Direito que criam as súmulas, entendimentos e interpretações legais. E para chegar até isso, o pessoal teve que quebrar muito a cabeça. Grupos dos mais diversos especialistas com décadas de experiência sentam e debatem sobre isso.
Nós (acadêmicos) temos um contato massivo e direito com as tais Doutrinas (é a partir delas que nascem síntese maravilhosa que o prof. de cursinho faz). E não apenas para responder à uma questão objetiva de prova, mas sim para discutir, formular uma defesa, preparar modelos de petições e recursos e enfrentar os juízes numa sustentação oral, por exemplo.
E isso não se estuda para fins de concurso - realidade que é bem mais 8 ou 80. Ou você sabe, ou erra.
2) O estudo voltado para provas
Como eu disse, a graduação tem uma ementa voltada para a formação jurídica do aluno, e não realizar provas de concurso. Minto. A graduação no Brasil tem olho para uma prova em específico: a OAB. Esse é o máximo que a faculdade vai se voltar, em termos de provas. Isso porque, a grossíssimo modo, se muitos alunos forem aprovados no Exame de Ordem, a qualificação da faculdade melhora etc.
E existe um mundo de diferença entre as provas da OAB e Concursos. E logar êxito numa delas não significa estar, sequer, apto para ir bem noutra.
- Experimento: Coloquem um advogado experiente para responder á uma prova da FCC, do nada. Pois bem, agora coloquem o candidato que ficou 1º lugar no concurso de algum TRF - que não seja da área do Direito - para fazer um simples modelo de apelação (matéria que ele estudou muito, para a prova). Em ambos os casos, o resultado seria catastrófico rs.
3) A prática muitas vezes não ajuda a acertar questões
Em matéria penal isso acontece de monte. O que as Doutrinas ensinam (de modo controverso) e o que ocorre no plano dos fatos, muitas vezes está LONGE do que consta no texto da lei e em entendimentos jurisprudenciais consolidados. Eu mesmo já errei incontáveis questões por conta disso, pela minha experiência em estágios (advocacia e gabinete de juiz).
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
4) Menos desculpas e mais atitude
Recentemente, o Diogo disse que a maioria dos Auditores Fiscais da Receita Federal são formados em Engenharia. Oras, excelente estatística! Cada vez mais, os graduados não exercem a profissão respectiva à sua formação. E muitos dessem optam pelo ingresso no serviço público (isso tem de monte, é só observar) E são ótimos servidores e foram, um dia, exímios estudantes e concurseiros.
Ser do Direito não me coloca à frente de você, necessariamente. Talvez num primeiro momento, quando nós dois começávamos a estudar para concurso. Mas depois que engatamos, essa "vantagem" vai ficando mais e mais tímida.
Talvez eu tenha mais facilidade para estudar alguma matéria de Direito, já posso consultar meus resumos da faculdade, lembrar das aulas e/ou já cair direto na parte da lei seca (o que, para muitos, é a coisa mais abstrata que existe na Terra rs). Mas a nossa jornada de concurseiro(a) não é feita só disso. Cada com suas dificuldades e facilidades.
São estudos muito diferentes e, acreditem, conciliar os dois não é fácil como parece. A pegada e o foco são outros, totalmente. E já me ferrei na faculdade por tentar ir contra isso rs.
Espero que eu tenha conseguido passar a mensagem. Abraços!
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