Filipe, 36 anos, administrador. Formou-se aos 24. Começou a estudar para o concurso de técnico do MPU. Três meses depois, deixou de estudar para o certame. Decidiu estudar para técnico do TJDFT. Três meses depois, também abandonou o planejamento. Decidiu que dessa vez estudaria para o cargo de Escrivão da Polícia Civil do Distrito Federal. Começou a estudar. Três meses depois, saiu o edital de Agente da PCDF, resolveu tentar a sorte. Três meses depois, resolveu estudar para a DPDF.
Quando deixou de estudar para o MPU, Filipe desistia em razão de ainda estar começando no mundo dos concursos e por não se achar suficientemente preparado para a prova. Ele achava que conseguiria isso na do TJDFT, prova pela qual não havia nem edital previsto. Quando decidiu estudar para Escrivão da Polícia Civil, viu no salário uma possibilidade melhor do que aquelas que já havia sonhado. Quando mudou dessa para a prova de Agente foi porque viu um maior dinamismo na atividade a ser realizada no futuro. Quando desistiu dessa prova e começou a estudar para a DPDF, Filipe queixa-se da dificuldade dos outros certames e viu nessa oportunidade a chance de entrar mais facilmente no serviço público em função do salário que não era tão alto.
Todos os fundamentos de Filipe são plausíveis. Mas suas razões são apenas sintomas. Sintomas de uma síndrome comum no mundo dos concursos: a síndrome do foco relativo. Filipe, está sempre focando em novos concursos e recomeçando os estudos.
E a origem da síndrome reside na comparação entre o real e o ideal. Porque o começo de qualquer caminho é fundado no imaginário. Filipe, em suas decisões se via como técnico, como policial, como analista. Então, tomava o caminho. Só que, a cada dor real, comparava o caminho escolhido com outro, não vivido. E o outro, evidentemente, vencia. Então, ele mudava de rota.
Entenda: se, a cada três meses, você decidir mudar de certame, você nunca vai passar. A permuta frequente de caminhos não é sinal de qualidade nos estudos. É sinal de que você continua o mesmo, o mesmo imaturo de sempre. A síndrome deve ser combatida. Como? Com perenidade, a aceitação das dores e enumeração correta das razões. Em vez de citar os motivos para desistir de um certame, enumere razões para prosseguir estudando para ele.
O presente texto é uma adaptação do original https://www.cpiuris.com.br/blog/2020/04/27/a-sindrome-do-eterno-comeco_196/ Trata-se de uma "paródia" sem cunho humorístico onde retrato o principal problema que me aflige no momento: a falta de foco. Já há quase dois anos enfrento a dificuldade em escolher minha área e isso atrapalha enormemente tanto a eficiência quanto a continuidade de qualquer planejamento. Espero que o texto inspire aqueles que passam pelo mesmo problema.
A cronologia apresentada no texto foi alterada com objetivo literário.
Abraço a todos e bons estudos.
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